quarta-feira, 9 de março de 2016

A APLV não é uma moda!

Hoje é dia de mais uma convidada especialíssima :)
A Bárbara é co-autora do blog Sweet Caos, com quem tenho o prazer de colaborar a cada dia 10, e é mãe de um lindo menino com APLV. Pedi-lhe para nos contar um pouco da sua experiência com um bebé APLV. Independentemente das opiniões sobre as recentes correntes anti-lactose e anti-glúten, a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) não é uma moda!!! É bem real, bem frequente e pode prejudicar bastante a saúde do bebé.
 
Há por aí mais mamãs na mesma situação?



"Nunca tinha ouvido falar em alergia ao leite (o nome correto é alergia à proteína do leite de vaca -  APLV), nem fazia ideia da quantidade de pessoas que tem este problema.
Quando estava grávida, comecei a frequentar o curso de preparação para o parto e parentalidade do hospital em que estava a ser seguida e como foram várias semanas com as mesmas pessoas acabamos por nos tornar próximas. Depois dos bebés nascerem graças ao facebook foi fácil mantermos contacto e enquanto estivemos de licença de maternidade marcamos alguns encontros.
Foi com uma destas mães que descobri que a APLV existia, o seu bebé com um mês de diferença do meu era alérgico ao leite. Estava a ser um problema...
O leite adaptado que o pediatra sugeria tinha um sabor horrível e ainda por cima as latas eram pequeninas e caríssimas.
A mãe queria continuar a amamentar mas a alimentação dela tinha que mudar tanto que estava a ser muito difícil para ela, que na altura consumia cerca de 3 ou 4 iogurtes por dia.
Fui acompanhando a situação da Soraia e do Frederico até à fase em que a alergia foi corretamente diagnosticada e o tratamento definido.
No caso do Frederico a alergia era de classe 3+ e sem qualquer tolerância pelo que o contacto com a proteína foi cortado radicalmente até aos 3 anos.
Depois iria ser reavaliado.
Apesar da historia do Frederico me ter sido próxima achava que ele era uma criança alérgica num milhão.
Até à altura em que comecei a introduzir as papas ao meu filho.
Nessa altura descobri que afinal a APLV era cada vez mais frequente e que o meu filho sofria do mesmo problema.
Nunca tinha desconfiado, apesar das disfunções intestinais que podem ou não estar ligadas à alergia, apesar das cólicas terem durado bem mais que os normais 3 meses.
Nunca tinha desconfiado porque o meu filho sempre mamou e eu nunca me privei de leites ou lacticínios e desde o final do 1º mês que ele bebia suplemento de leite adaptado.
Quando comecei a introdução das papas, comecei pelas lácteas. Papa e água. Desde o primeiro dia que as recusou, e eu achando que era por ser um novo elemento, insistia. Ele comia mas chorava muito.
Ao final do 2º dia notei umas pequenas borbulhas à volta da boca, ao terceiro dia após a papa as borbulhas eram maiores. Porém para toda a gente eu era a mãe de primeira viagem que estava a imaginar coisas!!!
Ao 4º dia fomos para o hospital com o miúdo vermelho e inchado como se tivesse apanhado um escaldão!

Havia uma reação alérgica à papa, mas a que componente?
A primeira coisa a ser posta de lado foi o leite... ele mamava, bebia suplemento e nunca tinha feito reação.
No entanto como não quis andar a testar diferentes papas falei com o pediatra para fazermos análises ao sangue e ficarmos logo a saber o problema.
E assim foi. Uns dias depois o resultado não deixava margem para dúvidas: Alergia à Caseína classe 2!
Não é o fim do mundo e a alimentação pode-se adaptar a esta realidade.
Mas não é fácil!
Praticamente todos os alimentos processados levam leite e/ou proteína de leite.
Experimentem ler alguns rótulos.


Iogurtes, bolachas, fiambre, gelados, etc.
As pessoas diziam: "ai e tal mas o leite de vaca não faz falta nenhuma!"
Verdade! Mas agora imaginem explicar ao vosso filho numa festa de aniversário que não pode comer bolo, numa ida à praia que não pode comer um gelado, quando for almoçar na escola que a pizza e a massa de cogumelos não podem ser a ementa dele.
Já sei... não é o fim do mundo. Mas percebam que o leite e/ou a proteína está em "todo" o lado.
Depois ainda há o problema das pessoas que acham que isto são manias e toca a dar gelados, e bolos e iogurtes, porque o menino quer e isso são modas!
E lá tens o teu filho a ficar vermelho e a inchar e tu a correres com o anti-histaminico. Nem quero pensar nas mães em que as alergias são da classe 5 ou 6 que provoca um choque anafilático!!!! Que medo e que sensação de andar de bicos de pés a toda a hora.
Felizmente o meu filho tinha alguma tolerância e foi por isso que até às papas nunca tínhamos percebido a alergia.
E por isso mesmo em conjunto com o pediatra decidimos continuar a insistir na proteína, em doses controladas, para que o organismo não se desabitua-se dela e ganhasse cada vez mais habituação.
Pelo meio passamos e continuamos a passar por muitas mudanças de leites, de iogurtes, de vários alimentos com e sem leite.
Por opção própria evito os alimentos que tem leite e ainda adição de proteína de leite.

Acho que o caminho que se está a fazer trará bons resultados.
Não preciso que o meu filho beba leite, mas queria que ele pudesse comer um bacalhau com natas na casa de um amigo ou uma lasanha no primeiro jantar com a namorada.



Bárbara Barreira"

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